Aquele dia marcou minha vida. Eu amava artes marciais e um dia, numa sessão de treinamento, machuquei feio um colega. Sem querer, eu dei um chute no nariz dele. Eu me senti culpado e comecei a pensar se não seria melhor desistir das artes marciais. Eu amava esse esporte e já o praticava há muitos anos, mas aquele acontecimento me fez pensar seriamente se eu deveria continuar lutando. Antes de continuar, vou explicar como eu me envolvi com as artes marciais.

 Eu cresci perto da cidade de Buffalo, no estado de Nova York. Lá em casa todos eram católicos devotos, e minha família era feliz. Eu estudava numa escola católica e também era coroinha. Meus pais queriam que eu e minha irmã fôssemos bem-sucedidos na vida. Por isso, eu só podia praticar esportes ou ter um emprego de meio período se eu tirasse boas notas na escola. Isso me ajudou desde jovem a ser organizado e ter disciplina.

 Comecei a praticar artes marciais com 17 anos de idade. Passei anos treinando três horas por dia, seis dias por semana. Eu também passava horas repassando na mente técnicas de luta e vendo vídeos para aprimorar meus movimentos. Eu gostava de treinar com os olhos vendados, e às vezes fazia isso usando armas de artes marciais. Eu conseguia quebrar pedaços de madeira e tijolos só com um golpe de mão. Ganhei muitos troféus e me tornei um dos melhores nesse esporte. Minha vida girava em torno das artes marciais.

 Parecia que eu tinha tudo na vida. Eu me formei na universidade com mérito acadêmico e trabalhava para uma grande empresa como engenheiro de sistemas de computação. Eu tinha muitos benefícios na empresa, tinha uma casa própria e tinha uma namorada. Por fora, eu parecia ter a vida ganha, mas por dentro era infeliz. Eu ficava me perguntando: ‘Será que a vida é só isso?’

 Para encontrar respostas às minhas perguntas, comecei a assistir à missa duas vezes por semana e a rezar para Deus pedindo ajuda. Aí, uma conversa que eu tive com um amigo meu mudou minha vida. Perguntei para ele: “De vez em quando você se pergunta qual é o sentido da vida? O mundo está cheio de problemas e tem tanta injustiça!” Ele me disse que também se perguntava isso e que tinha encontrado na Bíblia respostas que faziam sentido. Ele me deu um livro chamado Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra a e disse que estava estudando a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. No começo, fiquei com o pé atrás porque eu achava que não era correto ler publicações de outra religião. Mas a vontade de encontrar as respostas que eu estava procurando era tão grande que decidi ver se o que as Testemunhas de Jeová ensinavam fazia sentido.

 Fiquei impressionado de ver o que a Bíblia realmente ensina. Eu aprendi que, quando Deus criou os humanos, a vontade dele era que eles vivessem para sempre num paraíso na Terra. (Gênesis 1:28) E Deus ainda vai fazer isso. Fiquei sem palavras quando vi o nome de Deus, Jeová, na minha Bíblia King James. Saber que era para esse nome que passei a vida toda orando quando fazia a oração do Pai-Nosso, me deixou impressionado. (Salmo 83:18; Mateus 6:9) Além disso, eu finalmente entendi por que Deus está permitindo o sofrimento por enquanto. Tudo o que eu estava aprendendo fazia sentido. Era incrível como tudo se encaixava.

 Eu nunca vou esquecer de como me senti quando comecei a frequentar as reuniões das Testemunhas de Jeová. Todos eram simpáticos e queriam me conhecer. Minha primeira reunião foi um discurso especial que falava sobre o tipo de oração que Deus escuta. Aquele assunto me interessou, porque eu estava orando a Deus pedindo ajuda. Logo depois fui à Celebração da morte de Jesus. Percebi que nas reuniões até as crianças acompanhavam os textos na Bíblia. Aquilo me deixou impressionado. No começo, eu não conseguia encontrar os textos na Bíblia, mas as Testemunhas de Jeová me ajudaram. E com o tempo eu aprendi a encontrar os textos sozinho.

 Notei que o nível de ensino das Testemunhas de Jeová era excelente. Quanto mais eu assistia às reuniões, mais eu dava valor a isso. Eu aprendia muito em todas as reuniões e sempre voltava para casa me sentindo encorajado e feliz. Por isso, quando me ofereceram um estudo da Bíblia, eu aceitei.

 O que eu via entre as Testemunhas de Jeová era totalmente diferente do que eu via na minha igreja. Percebi que as Testemunhas de Jeová eram pessoas unidas e sinceras, que faziam o melhor para agradar a Deus. Fiquei convencido de que elas tinham a qualidade que identifica os verdadeiros cristãos: o amor entre si. — João 13:35.

 Continuei meu estudo da Bíblia e passei a fazer muitas mudanças para viver de acordo com os padrões de Jeová Deus. Mas eu achava que nunca ia conseguir largar as artes marciais. Eu gostava muito de treinar e competir. Quando falei isso para o meu instrutor da Bíblia, ele me disse: “Não se preocupe. Continue estudando. Sei que você vai tomar a decisão certa.” Era aquilo que eu precisava ouvir. Quanto mais eu estudava, mais eu queria agradar a Jeová.

 O que me fez tomar uma decisão foi o incidente que eu mencionei no início quando, sem querer, eu chutei o nariz de um parceiro de treino. Aquilo me fez pensar seriamente: ‘Como posso dizer que sou um seguidor pacífico de Cristo se continuo a praticar artes marciais?’ Eu tinha aprendido em Isaías 2:3, 4 que aqueles que seguem as instruções de Jeová não iam ‘aprender mais a guerra’. E Jesus ensinou seus seguidores a não recorrer à violência, mesmo ao sofrer injustiça. (Mateus 26:52) Por isso, abandonei o esporte que eu tanto amava.

 A partir daí, passei a obedecer o conselho da Bíblia de ‘treinar com a devoção a Deus por alvo’. (1 Timóteo 4:7) Todo o tempo e energia que eu gastava com as artes marciais, agora eu usava para me achegar a Deus e servir a ele. Minha namorada não concordava com o que eu estava aprendendo da Bíblia, e por isso terminamos. Fui batizado como Testemunha de Jeová em 24 de janeiro de 1987. Pouco depois, comecei a servir como voluntário de tempo integral, dedicando meu tempo para ensinar a Bíblia a outros. Sirvo no tempo integral até hoje, e cheguei a servir por um tempo na sede mundial das Testemunhas de Jeová em Nova York, Estados Unidos.

 Agora que eu sei a verdade sobre Deus, encontrei o que estava faltando na minha vida e não me sinto mais vazio. Em vez disso, eu tenho um objetivo na vida, uma esperança para o futuro e sou feliz de verdade. Ainda gosto de fazer exercícios, mas o treinamento físico deixou de ser a coisa mais importante na minha vida. Agora, minha prioridade é servir a Jeová Deus.

 Quando eu praticava artes marciais, estava sempre atento às pessoas à minha volta para que, se tivesse um perigo, eu pudesse me defender. Ainda continuo atento às pessoas à minha volta, mas por um motivo diferente: para ajudá-las. A Bíblia me ajudou a ser generoso e a ser um marido melhor para minha linda esposa, Brenda.

 As artes marciais eram a minha vida, mas agora eu tenho algo melhor. A Bíblia tem toda a razão quando diz em 1 Timóteo 4:8: “O treinamento físico traz algum benefício, mas a devoção a Deus é benéfica para todas as coisas, visto que tem a promessa da vida presente e da vida que virá.”