As Boas Novas Segundo Lucas 23:1-56
Notas de rodapé
Notas de estudo
César: Ou: “o Imperador”. O imperador romano dos dias de Jesus era Tibério, mas a palavra “César” não se referia apenas ao imperador que estivesse governando no momento. Podia se referir ao governo do Império Romano como um todo e também a seus representantes oficiais. Paulo os chamou de “autoridades superiores” e Pedro os chamou de “rei” e “governadores”. — Ro 13:1-7; 1Pe 2:13-17; Tit 3:1; veja o Glossário.
César: Veja a nota de estudo em Mt 22:17.
O senhor mesmo está dizendo isso: Tudo indica que essa era uma maneira de confirmar a informação apresentada na pergunta de Pilatos. (Veja as notas de estudo em Mt 26:25, 64.) Jesus confirmou a Pilatos que ele realmente era um rei, mas não no sentido que Pilatos imaginava. O Reino de Jesus ‘não fazia parte deste mundo’, e assim não era uma ameaça para o Império Romano. — Jo 18:33-37.
Você é o Rei dos judeus?: Esta pergunta de Pilatos aparece nos quatro Evangelhos com exatamente as mesmas palavras. (Mt 27:11; Mr 15:2; Lu 23:3; Jo 18:33) Nenhum rei poderia governar dentro dos domínios do Império Romano sem a aprovação de César. Por isso, parece que a principal preocupação de Pilatos ao interrogar Jesus era saber se ele era ou não um rei.
O senhor mesmo está dizendo isso: Veja a nota de estudo em Mt 27:11.
Herodes: Ou seja, Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande. Herodes Antipas era o governante distrital (tetrarca) da Galileia e da Pereia. Lucas é o único escritor dos Evangelhos que menciona que Jesus foi enviado até Herodes Antipas. — Lu 3:1; veja o Glossário.
manto escarlate: Tipo de manto ou túnica usado por reis, magistrados e oficiais militares. Os textos de Mr 15:17 e Jo 19:2 dizem que o manto era púrpura, mas nos tempos antigos a palavra “púrpura” era usada para descrever qualquer cor que fosse uma mistura de vermelho e azul. Além disso, dependendo do ângulo de visão, do reflexo da luz e do que estivesse no fundo, o observador poderia ter uma noção diferente da cor exata. Essa diferença no modo de descrever a cor (escarlate ou púrpura) mostra que os escritores dos Evangelhos não fizeram simples cópias do relato um do outro.
eles o vestiram de púrpura: Os soldados fizeram isso para zombar de Jesus e da ideia de que ele era um rei. O relato de Mateus (27:28) diz que os soldados puseram em Jesus “um manto escarlate”, uma peça de roupa usada por reis, magistrados e oficiais militares. Tanto o relato de Marcos como o relato de João (19:2) dizem que a cor do manto era púrpura, mas nos tempos antigos a palavra “púrpura” era usada para descrever qualquer cor que fosse uma mistura de vermelho e azul. Além disso, o observador poderia ter uma noção diferente de qual era a cor exata dependendo do seu ângulo de visão, do reflexo da luz e do que estivesse no fundo. Essa diferença no modo de descrever a cor mostra que os escritores dos Evangelhos não fizeram simples cópias do relato um do outro.
uma roupa esplêndida: Essa roupa esplêndida, que possivelmente era branca, talvez fosse uma das roupas reais do próprio Herodes Antipas. Pode ser que ele, que se dizia judeu e era o governante distrital da Galileia e da Pereia, tenha vestido Jesus assim para zombar da ideia de que Jesus pudesse ser o Rei dos judeus. A palavra grega traduzida aqui como “roupa” (esthés) geralmente se referia a um manto ou a uma roupa que tinha bordados ou outros detalhes. Ela foi usada em Lu 24:4 para se referir às roupas que os anjos estavam vestindo. (Veja também Tg 2:2, 3.) E é usada em At 12:21 para descrever a “roupa” real que foi usada por Herodes Agripa I. A palavra grega traduzida aqui como “esplêndida” (lamprós) vem de uma palavra que significa “brilhar”. Quando lamprós é usada para falar de roupas, ela se refere a roupas de excelente qualidade e, às vezes, a roupas brancas ou brilhantes. Ao que tudo indica, a “roupa esplêndida” mencionada aqui não era o manto escarlate (ou púrpura) que os soldados de Pilatos puseram em Jesus na residência do governador. (Mt 27:27, 28, 31; Jo 19:1, 2, 5; veja as notas de estudo em Mt 27:28; Mr 15:17.) Parece que tanto Herodes como Pilatos e seus soldados vestiram Jesus com uma roupa especial com o mesmo objetivo: zombar da ideia de que Jesus era o Rei dos judeus. — Jo 19:3.
Alguns manuscritos dizem aqui: “Ora, de festividade em festividade ele precisava libertar um homem para eles.” E existem alguns poucos manuscritos em que essas mesmas palavras aparecem depois do versículo 19. Mas vários dos manuscritos mais antigos e mais confiáveis não contêm essas palavras que, pelo visto, não fazem parte do texto original do Evangelho de Lucas. Os estudiosos acreditam que copistas incluíram essas palavras aqui em Lucas como uma explicação baseada nos relatos paralelos em Mt 27:15 e Mr 15:6, onde não existem dúvidas sobre o texto original.
costume . . . soltar um preso: Os quatro Evangelhos falam sobre a libertação de Barrabás. (Mr 15:6-15; Lu 23:16-25; Jo 18:39, 40) Não existe base nem precedente para esse costume nas Escrituras Hebraicas. Mas parece que os judeus já tinham adotado esse costume nos dias de Jesus. Esse costume não seria estranho para os romanos, pois há evidências de que eles libertavam prisioneiros para agradar as multidões.
costumava soltar um preso: Os quatro Evangelhos falam sobre a libertação de Barrabás. (Mt 27:15-23; Lu 23:16-25; Jo 18:39, 40) Não existe base nem precedente nas Escrituras Hebraicas para o costume de soltar um preso, mas parece que nos dias de Jesus isso já tinha se tornado uma tradição para os judeus. Esse costume não seria estranho para os romanos, pois há evidências de que eles libertavam prisioneiros para agradar as multidões.
vocês têm o costume de que eu liberte um homem: O costume de libertar um prisioneiro também é mencionado em Mt 27:15 e Mr 15:6. Pelo visto, foram os judeus que começaram com esse costume, já que Pilatos disse a eles: “Vocês têm o costume.” Não existe base nem precedente nas Escrituras Hebraicas para o costume de libertar um preso, mas parece que nos dias de Jesus isso já tinha se tornado uma tradição entre os judeus. Esse costume não seria estranho para os romanos, pois há evidências de que eles libertavam prisioneiros para agradar as multidões.
solte Barrabás: A libertação de Barrabás, descrita em Lu 23:16-25, é mencionada nos quatro Evangelhos. (Mt 27:15-23; Mr 15:6-15; Jo 18:39, 40) Mas Mateus, Marcos e João acrescentam que era costume o governador libertar um prisioneiro durante a festividade. — Veja as notas de estudo em Mt 27:15; Mr 15:6; Jo 18:39.
Cirene: Cidade da África do Norte, próxima ao litoral, ao sudoeste da ilha de Creta. (Veja o Apêndice B13.) Pode ser que Simão tenha nascido em Cirene e se mudado mais tarde para Israel.
estaca: Ou: “estaca de tortura; estaca de execução”. — Veja o Glossário, “Madeiro; Estaca”; “Estaca de tortura”; para ver como essa palavra foi usada em sentido figurado, veja Lu 9:23; 14:27.
quando a árvore está verde, . . . quando estiver seca: Parece que Jesus estava se referindo à nação de Israel. Ela era como uma árvore que estava morrendo, mas que ainda estava “verde” (ou tinha alguma seiva), pois Jesus ainda estava presente e alguns judeus tinham fé nele. Mas em breve Jesus seria morto, e os judeus fiéis seriam ungidos com espírito santo e se tornariam parte do Israel espiritual. (Ro 2:28, 29; Gál 6:16) Quando chegasse essa época, a nação de Israel ficaria espiritualmente morta, como se fosse uma árvore seca. — Mt 21:43.
criminosos: A palavra grega usada aqui, kakoúrgos, significa literalmente “pessoa que pratica o mal”. Os relatos paralelos em Mt 27:38, 44 e Mr 15:27 usam uma palavra grega diferente, leistés, traduzida como “ladrões”. Essa palavra pode se referir a pessoas que roubam com violência ou, às vezes, a bandidos ou a pessoas que se rebelam contra as autoridades. Essa mesma palavra é usada para descrever Barrabás (Jo 18:40), que estava na prisão por “sedição” e “assassinato” (Lu 23:19).
Gólgota: Vem da palavra hebraica gulgóleth, que significa “caveira; crânio”. (Veja Jo 19:17 e também Jz 9:53, que usa essa palavra hebraica traduzida ali como “crânio”.) Nos dias de Jesus, esse local ficava fora das muralhas de Jerusalém. Atualmente, não se sabe qual era o local exato. (Veja o Apêndice B12-A.) A Bíblia não diz que Gólgota ficava em um monte, mas ela menciona que alguns conseguiram ver a execução de Jesus à distância. — Mr 15:40; Lu 23:49.
Lugar da Caveira: A expressão grega usada aqui, Kraníou Tópon, é uma tradução do nome hebraico Golgotha. (Veja a nota de estudo em Gólgota neste versículo. Para uma explicação sobre o significado de hebraico nas Escrituras Gregas Cristãs, veja a nota de estudo em Jo 5:2.) No relato paralelo em Lu 23:33, várias Bíblias em português usam a palavra “Calvário”. Ela vem da palavra latina calvaria (“caveira; crânio”), que é usada na Vulgata.
Gólgota: Nome que vem da palavra hebraica gulgóleth, que significa “caveira; crânio”. (Veja Jz 9:53 e 2Rs 9:35, onde essa palavra hebraica é traduzida como “crânio”.) Nos dias de Jesus, esse local ficava fora das muralhas de Jerusalém. Apesar de não ser possível identificar a localização exata de Gólgota, alguns estudiosos acham que talvez ficasse nos arredores de onde hoje está a Igreja do Santo Sepulcro, considerada por muitos como o local da execução de Jesus. (Veja o Apêndice B12-A.) A Bíblia não diz que Gólgota ficava em um monte, mas ela menciona que alguns conseguiram ver a execução de Jesus à distância. — Mr 15:40; Lu 23:49.
Caveira: A palavra grega usada aqui, Kraníon, é uma tradução do nome hebraico Golgotha. (Veja as notas de estudo em Mt 27:33; Jo 19:17.) Várias Bíblias em português usam a palavra “Calvário” em Lu 23:33. Ela vem da palavra latina para “crânio”, calvaria, que é usada na Vulgata.
perdoa-lhes: O contexto não mostra quem Jesus queria que fosse perdoado, mas é provável que ele estivesse falando da multidão que exigiu que ele fosse executado. Alguns dos que fizeram isso se arrependeram pouco tempo depois. (At 2:36-38; 3:14, 15) É provável que Jesus também estivesse pensando nos soldados romanos que o pregaram na estaca. Eles não sabiam quem ele realmente era e, por isso, não estavam conscientes da gravidade do que estavam fazendo. Por outro lado, Jesus não pediria que Jeová perdoasse os principais sacerdotes, já que eles eram responsáveis pela morte dele. Aqueles homens sabiam exatamente o que estavam fazendo quando conspiraram para matar Jesus. Eles o entregaram por inveja. (Mt 27:18; Mr 15:10; Jo 11:45-53) E é provável que Jesus não estivesse falando dos criminosos que foram executados junto com ele, já que nenhum dos dois foi responsável pela sua morte.
. . . fazendo: Embora a primeira parte deste versículo não apareça em alguns manuscritos muito antigos, ela foi incluída na Tradução do Novo Mundo e em muitas outras traduções da Bíblia porque aparece em alguns dos manuscritos mais antigos e confiáveis.
vinho acre: Ou: “vinagre de vinho”. Em grego, óxos. Provavelmente se refere a um vinho ralo e azedo que em latim é chamado de acetum (vinagre) ou de posca quando é diluído na água. Era uma bebida barata que os pobres, incluindo os soldados romanos, geralmente tomavam para matar a sede. A Septuaginta também usa a palavra grega óxos no Sal 69:21, na profecia que diz que o Messias receberia “vinagre” para beber.
vinho acre: Veja a nota de estudo em Mt 27:48.
uma inscrição acima dele: Alguns manuscritos acrescentam aqui palavras que poderiam ser traduzidas como: “(escrita) em letras gregas, e latinas, e hebraicas”. Mas elas não aparecem em manuscritos muito antigos e confiáveis. Acredita-se que elas foram acrescentadas por copistas para harmonizar este versículo com Jo 19:20.
num madeiro: Ou: “numa árvore”. Aqui, a palavra grega xýlon (lit.: “madeira”) é usada como um sinônimo da palavra grega staurós (traduzida como “estaca de tortura”) e se refere ao instrumento em que Jesus foi pregado e executado. Nas Escrituras Gregas Cristãs, xýlon foi usada nesse sentido por Lucas, Paulo e Pedro num total de cinco vezes. (At 5:30; 10:39; 13:29; Gál 3:13; 1Pe 2:24) A Septuaginta usou xýlon em De 21:22, 23 para traduzir a palavra hebraica correspondente ʽets (que significa “árvore; madeira; pedaço de madeira”) na parte que diz “e você o pendurar num madeiro”. Paulo citou essa passagem de Deuteronômio em Gál 3:13 e usou xýlon na frase “maldito é todo aquele pendurado num madeiro”. A Septuaginta também usou essa palavra em Esd 6:11 (1 Esdras 6:31, LXX) para traduzir a palavra aramaica ʼaʽ, que corresponde ao hebraico ʽets. Esse versículo de Esdras diz que quem violasse o decreto do rei persa sofreria a seguinte punição: “Seja arrancada da sua casa uma viga de madeira e seja ele pendurado nela.” Em todos esses contextos, xýlon significa uma estaca sem uma barra transversal. Assim, o fato de os escritores da Bíblia usarem xýlon como sinônimo de staurós reforça a conclusão de que Jesus foi executado numa estaca simples, ou poste.
que estavam pendurados: O verbo grego que aparece aqui é kremánnymi (“pendurar”), e não stauróo (“executar em uma estaca”). Em At 5:30 e em Gál 3:13, onde se fala da execução de Jesus, kremánnymi é usado junto com epí xýlou (“em uma estaca ou árvore”). (Veja a nota de estudo em At 5:30.) Na Septuaginta, esse verbo é frequentemente usado com referência a pendurar uma pessoa em uma estaca ou árvore. — Gên 40:19; De 21:22; Est 8:7.
Em verdade, eu lhe digo hoje: Os manuscritos mais antigos disponíveis das Escrituras Gregas Cristãs foram escritos usando apenas letras maiúsculas. E, ao contrário dos idiomas modernos, o texto grego não tinha espaços nem pontuação. Embora alguns escribas fizessem de vez em quando marcações no texto que podem ter servido como pontuação, elas não eram usadas com frequência nem de forma consistente. Assim, para definir como o texto das Escrituras Gregas Cristãs deve ser pontuado, as traduções modernas da Bíblia se baseiam nas regras de gramática do texto grego e no contexto do versículo. Neste versículo, a gramática do texto grego permite que se coloque uma vírgula (ou dois-pontos) tanto antes da palavra “hoje” como depois dela. Assim, a pontuação usada pelos tradutores depende de como eles entendem as palavras de Jesus e de como eles entendem a Bíblia como um todo. Algumas edições eruditas do texto grego colocam uma vírgula antes da palavra grega para “hoje”. Entre elas estão as edições preparadas por Westcott e Hort, Nestle e Aland, e pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Mas, para que as palavras de Jesus aqui estejam de acordo com o que ele disse em outras ocasiões e com o restante da Bíblia, a vírgula deve ser colocada depois da palavra “hoje”. Por exemplo, Jesus disse que morreria e permaneceria “no coração da terra [na sepultura]” até o terceiro dia. (Mt 12:40; Mr 10:34) Em mais de uma ocasião, ele disse a seus discípulos que seria morto e que seria ressuscitado apenas no terceiro dia. (Lu 9:22; 18:33) Além disso, a Bíblia diz que Jesus foi ressuscitado como “as primícias dos que adormeceram na morte” e que ele só subiu aos céus 40 dias mais tarde. (1Co 15:20; Jo 20:17; At 1:1-3, 9; Col 1:18) Assim, já que Jesus não foi ressuscitado no mesmo dia em que morreu, mas apenas no terceiro dia, seria impossível que o criminoso estivesse junto com ele no Paraíso no mesmo dia em que Jesus fez a promessa.
De acordo com isso, uma versão do Evangelho de Lucas em siríaco, conhecida como “texto siríaco curetoniano” (datada do século 5 d.C.), traduz assim este versículo: “Amém, eu digo a ti hoje que comigo tu estarás no Jardim do Éden.” (The Curetonian Version of the Four Gospels, de Francis C. Burkitt, volume 1, Cambridge, 1904) Também é interessante que comentaristas do texto grego, tanto antigos como mais recentes, escreveram sobre as diferenças de opinião que existiam a respeito da tradução deste versículo. Por exemplo, Hesíquio de Jerusalém, que viveu nos séculos 4 e 5 d.C., escreveu sobre Lu 23:43: “Alguns textos realmente dizem o seguinte: ‘Em verdade, eu lhe digo hoje’, e inserem uma vírgula; depois continuam: ‘Você estará comigo no Paraíso.’” (Patrologiae Graecae, volume 93, colunas 1432 e 1433) Teofilacto, que viveu nos séculos 11 e 12 d.C., escreveu: “[Alguns] colocam um sinal de pontuação depois de ‘hoje’, para que a frase fique assim: ‘Em verdade, eu lhe digo hoje.’ Depois, eles continuam com a expressão: ‘Você estará comigo no Paraíso.’” (Patrologiae Graecae, volume 123, coluna 1104) George M. Lamsa escreveu o seguinte sobre o uso de “hoje” em Lu 23:43: “A ênfase está na palavra ‘hoje’. O texto deveria ficar assim: ‘Em verdade, eu te digo hoje: Tu estarás comigo no Paraíso.’ A promessa foi feita naquele dia, mas seria cumprida no futuro. Esse modo de falar é usado pelos povos do Oriente para indicar que uma promessa feita em um determinado dia vai se cumprir com certeza.” (Gospel Light—Comments on the Teachings of Jesus From Aramaic and Unchanged Eastern Customs, páginas 303 e 304) Assim, pode ser que as palavras de Jesus registradas em grego em Lu 23:43 refletissem o modo dos idiomas semíticos de dar ênfase. As Escrituras Hebraicas estão cheias de exemplos que mostram que em hebraico era comum usar a palavra “hoje” para dar peso a uma declaração de grande importância, como uma ordem ou um juramento. (De 4:26; 6:6; 7:11; 8:1, 19; 30:15; Za 9:12) As evidências acima indicam que, quando Jesus usou a palavra “hoje”, ele estava se referindo ao dia em que a promessa foi feita, e não ao dia em que o criminoso estaria no Paraíso.
Várias traduções da Bíblia, como as que foram feitas para o inglês por Rotherham e por Lamsa (edição de 1933) e as que foram feitas para o alemão por Ludwig Reinhardt e por Wilhelm Michaelis, além de uma tradução para o português da Trinitarian Bible Society (edição de 1883), reconhecem que a palavra “hoje” se refere ao dia em que a promessa foi feita, e não ao dia em que ela se cumprirá. Nessas traduções, Lu 23:43 foi traduzido de forma parecida com a da Tradução do Novo Mundo.
Paraíso: A palavra “paraíso” vem do grego parádeisos. Existem palavras semelhantes em hebraico (pardés, em Ne 2:8; Ec 2:5; Cân 4:13) e em persa (pairidaeza). Nesses três idiomas, a palavra passa basicamente a ideia de um lindo jardim semelhante a um parque. Os tradutores da Septuaginta usaram em Gên 2:8 a palavra grega parádeisos para traduzir a palavra hebraica para “jardim” (gan) na expressão “jardim no Éden”. Algumas traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico (chamadas de J17, 18, 22 no Apêndice C) traduzem Lu 23:43 assim: “Você estará comigo no jardim do Éden.” Jesus não estava falando do “paraíso de Deus” no céu, mencionado em Ap 2:7, já que esse paraíso foi prometido para ‘aqueles que vencerem’, ou seja, os escolhidos para reinar com Jesus. (Lu 22:28-30) Para ser um escolhido, a pessoa precisa ‘nascer da água e do espírito’ (Jo 3:5) e ‘vencer o mundo’, assim como Jesus venceu (Jo 16:33), o que não era o caso daquele criminoso. Ao que tudo indica, ele estará entre os “injustos” que serão ressuscitados para viver em um paraíso na Terra debaixo do Reino que será governado por Jesus por 1.000 anos. — At 24:15; Ap 20:4, 6.
Por volta da terceira hora: Ou seja, por volta das 9 horas da manhã. No século 1 d.C., os judeus dividiam o período de luz do dia em 12 horas. (Jo 11:9) Esse período começava com o nascer do sol, por volta das 6 horas da manhã. Assim, a terceira hora seria por volta das 9 da manhã, a sexta hora seria por volta do meio-dia e a nona hora seria por volta das 3 da tarde. As pessoas daquela época não tinham instrumentos precisos para marcar o tempo. Por isso, os relatos bíblicos geralmente mencionam apenas o horário aproximado dos eventos. — Jo 1:39; 4:6; 19:14; At 10:3, 9.
Por volta da terceira hora: Ou seja, por volta das 9 horas da manhã. No século 1 d.C., os judeus dividiam o período de luz do dia em 12 horas. (Jo 11:9) Esse período começava com o nascer do sol, por volta das 6 horas da manhã. Assim, a terceira hora seria por volta das 9 da manhã, a sexta hora seria por volta do meio-dia e a nona hora seria por volta das 3 da tarde. As pessoas daquela época não tinham instrumentos precisos para marcar o tempo. Por isso, os relatos bíblicos geralmente mencionam apenas o horário aproximado dos eventos. — Jo 1:39; 4:6; 19:14; At 10:3, 9.
por volta da sexta hora: Ou seja, por volta do meio-dia. — Veja a nota de estudo em Mt 20:3.
uma escuridão: Essa escuridão foi um milagre da parte de Deus. Ela não pode ter sido causada por um eclipse solar, que só acontece na lua nova. Era a época da Páscoa, quando a lua é cheia. Além disso, essa escuridão durou três horas, muito mais do que a duração máxima de um eclipse solar total, que é de menos de oito minutos. Lucas acrescenta em seu Evangelho que “a luz do sol falhou”. — Lu 23:45.
a nona hora: Ou seja, por volta das 3 horas da tarde. — Veja a nota de estudo em Mt 20:3.
cortina: Essa bela cortina ornamentada separava o Santíssimo do Santo no templo. A história judaica indica que essa pesada cortina tinha uns 18 metros de altura, 9 metros de largura e 7 centímetros de espessura. Quando rasgou essa cortina em duas, Jeová não só mostrou sua ira contra aqueles que mataram seu Filho, mas também indicou que, a partir daquele momento, o “caminho de entrada” para o céu estaria aberto. — He 10:19, 20; veja o Glossário.
santuário: A palavra grega naós se refere aqui ao prédio central do templo, onde ficavam o Santo e o Santíssimo.
cortina: Veja a nota de estudo em Mt 27:51.
santuário: Veja a nota de estudo em Mt 27:51.
entregou seu espírito: Ou: “expirou; deu seu último suspiro; parou de respirar”. A palavra “espírito” (em grego, pneúma) pode ser entendida aqui como se referindo ao “fôlego” ou à “força de vida”. O relato paralelo de Mr 15:37 apoia isso, porque usa o verbo grego ekpnéo (lit.: “expirar; soltar o ar”), que foi traduzido como “morreu” ou, conforme a nota de estudo, “deu seu último suspiro”. Alguns sugerem que o uso da palavra grega traduzida como “entregou” significa que Jesus decidiu parar de lutar pela vida, visto que tudo já estava “consumado”, ou terminado. (Jo 19:30) Ele voluntariamente “derramou a sua vida até a morte”. — Is 53:12; Jo 10:11.
confio o meu espírito: Jesus citou aqui o Sal 31:5, onde Davi pediu que Deus guardasse, ou tomasse conta, de seu espírito (sua força de vida). Isso era o mesmo que dizer que ele estava deixando sua vida nas mãos de Deus. Ao morrer, Jesus confiou sua força de vida a Jeová. Assim, qualquer esperança de ele voltar a viver dependia inteiramente de Deus. — Veja o Glossário, “Espírito”.
morreu: Ou: “expirou”. O verbo grego usado aqui, ekpnéo (lit.: “expirar; soltar o ar”), também poderia ser traduzido como “deu seu último suspiro”. (Veja a nota de estudo em Mt 27:50.) A Bíblia mostra claramente que, quando o espírito de Jesus saiu dele, ele morreu. Jesus não estava indo para o céu. Ele mesmo tinha predito que ele só seria ressuscitado no “terceiro dia”. (Mt 16:21; Lu 9:22) Como mostra At 1:3, 9, Jesus só foi para o céu 40 dias mais tarde.
oficial do exército: Ou: “centurião”, um oficial do exército romano que comandava cerca de 100 soldados. Os relatos paralelos em Mateus e Marcos mostram que esse oficial também reconheceu que Jesus “era o Filho de Deus”. — Mt 27:54; Mr 15:39.
José: Cada escritor dos Evangelhos tinha seu próprio estilo, e isso fica evidente nos detalhes que eles deram ao descrever José de Arimateia. Mateus, um cobrador de impostos, diz que José era “um homem rico”. Marcos, escrevendo para os romanos, diz que ele era um “membro bem-conceituado do Conselho” que aguardava o Reino de Deus. Lucas, um médico bondoso, diz que José “era um homem bom e justo” e que ele não tinha votado em apoio da ação do Conselho contra Jesus. E apenas João relata que ele era “discípulo de Jesus, mas secretamente, pois tinha medo dos judeus”. — Mt 27:57-60; Mr 15:43-46; Lu 23:50-53; Jo 19:38-42.
Sinédrio: Ou seja, o supremo tribunal judaico em Jerusalém. A palavra grega traduzida como “Sinédrio” (synédrion) significa literalmente “sentar-se com”. Embora fosse uma palavra genérica para uma assembleia ou reunião, em Israel ela podia se referir a um tribunal religioso. — Veja a nota de estudo em Mt 5:22 e o Glossário; veja a possível localização do Sinédrio no Apêndice B12-A.
José: Veja a nota de estudo em Mr 15:43.
membro do Conselho: Ou: “conselheiro”. Ou seja, membro do Sinédrio, o supremo tribunal judaico em Jerusalém. — Veja a nota de estudo em Mt 26:59 e o Glossário, “Sinédrio”.
Arimateia: O nome dessa cidade vem de uma palavra hebraica que significa “altura”. Em Lu 23:51, ela é chamada de “uma cidade da Judeia”. — Veja o Apêndice B10.
Arimateia: Veja a nota de estudo em Mt 27:57.
túmulo: Ou: “túmulo memorial”. Não se tratava de uma caverna natural, mas de uma gruta escavada na rocha calcária. Muitos desses túmulos tinham bancos de pedra ou espaços escavados nas paredes onde era possível deitar os corpos. — Veja o Glossário.
túmulo: Veja a nota de estudo em Mt 27:60.
Preparação: Nome usado para descrever o dia antes do sábado semanal. Nesse dia, os judeus se preparavam deixando prontas refeições para o sábado e finalizando qualquer trabalho que não pudesse esperar até depois do sábado. Nessa ocasião, o dia da Preparação caiu no 14 de nisã. — Mr 15:42; veja o Glossário.
Preparação: Veja a nota de estudo em Mt 27:62.
túmulo: Ou: “túmulo memorial”. — Veja o Glossário, “Túmulo memorial”.
Mídia

Esta é uma foto da réplica de um osso de calcanhar humano atravessado por um prego de ferro de 11,5 centímetros. A peça original foi encontrada em 1968 durante escavações no norte de Jerusalém, e é da época do Império Romano. Essa descoberta serve como prova arqueológica de que provavelmente se usavam pregos em execuções para prender a vítima numa estaca de madeira. Os pregos que os soldados romanos usaram para prender Jesus Cristo na estaca talvez fossem parecidos com o da foto. A peça original foi encontrada em um ossuário (caixa de pedra onde os ossos de uma pessoa falecida eram colocados depois de a carne ter se decomposto). Isso indica que uma pessoa executada numa estaca podia receber um sepultamento, como foi o caso de Jesus.

Os judeus costumavam sepultar os mortos em grutas naturais ou escavadas na rocha. Esses túmulos geralmente ficavam fora da cidade, com exceção dos túmulos dos reis. Os túmulos judaicos que já foram descobertos se destacam pela simplicidade. Pelo visto, eram assim porque os judeus não achavam certo venerar os mortos nem acreditavam que depois de morrer a pessoa passava a viver num mundo espiritual.