Atos dos Apóstolos 7:1-60
Notas de rodapé
Notas de estudo
o sumo sacerdote: Ou seja, Caifás. — Veja a nota de estudo em At 4:6.
Deixa a tua terra: Na sua resposta ao Sinédrio, Estêvão disse o seguinte sobre quando esta ordem foi dada: “O Deus glorioso apareceu ao nosso antepassado Abraão enquanto ele estava na Mesopotâmia, antes de ir morar para Harã.” (At 7:2) Abraão (antes conhecido como Abrão) era da cidade caldeia de Ur. De acordo com as palavras de Estêvão, foi enquanto Abraão ainda estava na Mesopotâmia, pelos vistos em Ur, que ele recebeu pela primeira vez a ordem para deixar a sua terra. (Gén 11:28, 29, 31; 15:7; 17:5; Ne 9:7) Por outro lado, o relato em Gén 11:31–12:3 pode dar a impressão de que Abraão só recebeu essa ordem depois da morte do seu pai, Tera, quando eles estavam a morar temporariamente em Harã. Levando em conta os dois relatos, é razoável concluir que Jeová deu a ordem a Abraão quando ele ainda estava em Ur, e depois repetiu essa ordem quando ele estava em Harã.
Deus: Lit.: “Ele”. Refere-se ao “Deus glorioso” mencionado no versículo 2.
iria escravizá-los e afligi-los durante 400 anos: Esta é uma citação de Gén 15:13, onde Jeová disse a Abrão (Abraão) que os seus descendentes seriam escravizados e afligidos durante 400 anos. Esse período terminou em 14 de nisã de 1513 AEC, quando Jeová libertou os israelitas da escravidão no Egito. Por isso, é possível concluir que os 400 anos começaram em 1913 AEC. A cronologia bíblica indica que, nesse ano, Isaque, filho de Abraão, tinha cerca de 5 anos. Nessa época, o seu meio-irmão, Ismael, tinha cerca de 19 anos e começou a maltratar Isaque e a fazer pouco dele. Ismael era filho de Abraão com Agar, a escrava egípcia de Sarai (Sara). Apesar de Ismael ser o primeiro filho de Abraão, Isaque é que receberia a herança de primogénito, e esse talvez fosse o motivo de Ismael maltratar o seu irmão. (Gén 16:1-4; 21:8-10) O apóstolo Paulo, mais tarde, disse que Ismael ‘perseguia’ Isaque. (Gál 4:29) O que Ismael fez deve ter sido grave, porque Jeová concordou quando Sara exigiu que Abraão expulsasse Ismael e Agar. (Gén 21:11-13) Portanto, Isaque foi o primeiro descendente de Abraão a sofrer a ‘aflição’ que tinha sido predita. Essa ocasião, registada em detalhes no relato inspirado de Génesis 21, pelos vistos, marca o início do período de 400 anos de aflição que terminaria com a saída dos israelitas do Egito.
prestar-me serviço sagrado: Ou: “adorar”. O verbo grego usado aqui, latreúo, tem o sentido básico de “servir”, mas em certos contextos pode ser traduzido como “adorar”. A segunda parte deste versículo faz referência a Êx 3:12, onde o verbo hebraico correspondente pode ser traduzido como “servir” ou “adorar”. (Êx 3:12; nota de rodapé) Na Bíblia, latreúo normalmente refere-se a prestar serviço a Deus ou a trabalhar em serviços relacionados com a sua adoração (Mt 4:10; Lu 1:74; 2:37; 4:8; Ro 1:9; Fil 3:3; 2Ti 1:3; He 9:14; 12:28; Ap 7:15; 22:3), como, por exemplo, os serviços que eram feitos no santuário ou no templo (He 8:5; 9:9; 10:2; 13:10). Em alguns casos, essa palavra é usada em relação à adoração falsa, ou seja, a servir ou adorar coisas criadas. — At 7:42; Ro 1:25.
e Isaque tornou-se pai de Jacó: Antes, neste versículo, foram usados dois verbos gregos, traduzidos como “tornou-se pai de” e “circuncidou”. Mas aqui o texto grego não repete nenhum dos dois verbos. Por isso, a parte final do versículo pode estar a referir-se a qualquer um deles ou aos dois. Portanto, outra possibilidade de tradução para esta parte seria “e Isaque fez o mesmo a [ou seja, circuncidou] Jacó, e Jacó aos 12 patriarcas”.
patriarcas: Ou: “chefes de família”. A palavra grega patriárkhes aparece quatro vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. Aqui, refere-se aos 12 filhos de Jacó. (Gén 35:23-26) Também é usada para falar de David (At 2:29) e de Abraão (He 7:4).
um total de 75 pessoas: A informação de que um total de 75 pessoas da família de Jacó estava no Egito não aparece no texto massorético das Escrituras Hebraicas. Por isso, é possível que Estêvão não estivesse a citar nenhum versículo específico quando falou desse número. O texto de Gén 46:26 diz: “Todos os descendentes de Jacó que foram com ele para o Egito, sem contar com as esposas dos filhos de Jacó, foram 66.” E o versículo 27 continua: “Todas as pessoas da casa de Jacó que entraram no Egito foram 70.” Nesses versículos, a contagem foi feita de duas maneiras diferentes. Ao que parece, o versículo 26 inclui apenas os descendentes naturais de Jacó, enquanto o versículo 27 dá o total dos que foram para o Egito. Em Êx 1:5 e De 10:22, o número que aparece também é “70”. Pelos vistos, Estêvão baseou-se noutra contagem, que talvez incluísse mais membros da família de Jacó que não faziam parte da sua família imediata. Alguns acreditam que a contagem tenha incluído os filhos e os netos de Manassés e Efraim (filhos de José), que são mencionados em Gén 46:20 na Septuaginta. Outros acreditam que essa contagem tenha incluído as esposas dos filhos de Jacó, que foram excluídas do total mencionado em Gén 46:26. Assim, pode ser que “75” seja um total geral. Uma segunda possibilidade para Estêvão ter usado o número “75” é que ele se tenha baseado em cópias das Escrituras Hebraicas que eram usadas no primeiro século EC. Já se sabe há muito tempo que a Septuaginta usa o número “75” tanto em Gén 46:27 como em Êx 1:5. Além disso, no século 20 foram descobertos dois fragmentos dos Rolos do Mar Morto com o texto de Êx 1:5 em hebraico, e o número “75” também aparece neles. Estêvão talvez se tenha baseado em algum desses textos antigos em que aparece o número “75”. De qualquer forma, o total citado por Estêvão reflete simplesmente uma maneira diferente de contar os descendentes de Jacó.
pessoas: Ou: “almas”. A palavra grega psykhé, que foi traduzida como “alma” nas edições anteriores da Tradução do Novo Mundo, aparece aqui no plural e refere-se a pessoas. — Veja o Glossário, “Alma”, e o Apêndice A2.
extremamente belo: Ou: “divinamente belo”. A expressão grega que aparece aqui significa literalmente “belo para Deus”. Esse uso das palavras “para Deus” vem de uma expressão idiomática semítica que indicava que algo tinha um grau superlativo, extremamente elevado. Aqui, a expressão grega pode passar a ideia não apenas de “extremamente belo”, mas também de “belo aos olhos de Deus”. (Compare com Êx 2:2.) Alguns estudiosos acham que a expressão talvez se refira tanto à beleza física da pessoa como à sua beleza interior, as qualidades que Deus vê nela. O texto de Jon 3:3 usa uma expressão parecida ao falar da cidade de Nínive. Ali, a expressão hebraica traduzida como “uma cidade muito grande” significa literalmente “uma cidade grande para Deus”. — Para outros exemplos semelhantes, veja as notas de rodapé em Gén 23:6; Sal 36:6.
instruído em toda a sabedoria dos egípcios: O discurso de Estêvão diante do Sinédrio inclui vários factos da história judaica que não são mencionados nas Escrituras Hebraicas. Por exemplo, apenas Estêvão fala sobre a educação que Moisés recebeu no Egito. — Para outros detalhes mencionados por Estêvão que não estão nas Escrituras Hebraicas, veja as notas de estudo em At 7:23, 30, 53.
completou 40 anos: O discurso de Estêvão diante do Sinédrio inclui vários factos da história judaica que não são mencionados nas Escrituras Hebraicas. Por exemplo, apenas Estêvão diz que Moisés tinha 40 anos quando fugiu do Egito. — Para outros detalhes mencionados por Estêvão que não estão nas Escrituras Hebraicas, veja as notas de estudo em At 7:22, 30, 53.
decidiu: Ou: “veio-lhe ao coração; veio-lhe à mente”. A expressão que aparece no texto grego original vem de uma expressão idiomática hebraica. — Compare com Is 65:17; Je 3:16, nota de rodapé.
os israelitas: Ou: “os filhos de Israel; o povo de Israel”. — Veja o Glossário, “Israel”.
40 anos: As Escrituras Hebraicas não dizem especificamente quantos anos Moisés passou em Midiã. No entanto, no seu discurso, Estêvão incluiu factos da história judaica que não são mencionados nas Escrituras Hebraicas. Ele disse que Moisés tinha 40 anos quando fugiu para Midiã. (Êx 2:11; At 7:23) Aqui neste versículo, as palavras de Estêvão mostram que Moisés permaneceu ali por 40 anos completos ou perto disso. Assim, pelos vistos, o período mencionado aqui vai de 1553 a 1513 AEC. As informações que Estêvão deu estão de acordo com Êx 7:7, que diz que Moisés tinha 80 anos quando falou com o Faraó e conduziu o povo de Israel para fora do Egito. Também estão de acordo com o facto de que Moisés tinha 120 anos quando morreu, depois de ter passado outros 40 anos no deserto. — De 34:7; At 7:36.
um anjo: Estêvão mencionou aqui o relato de Êx 3:2, onde o texto hebraico original diz “o anjo de Jeová”. A maioria dos manuscritos gregos usa aqui “um anjo”, mas alguns manuscritos e algumas traduções antigas da Bíblia para outras línguas usam palavras que poderiam ser traduzidas como “um anjo de [ou: “do”] Senhor [ou: “de Jeová”]”. Várias traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico (chamadas J7, 8, 10-12, 14-17, 28 no Apêndice C4) usam aqui o Tetragrama e dizem “o anjo de Jeová”.
deserto: Veja o Glossário.
a voz de Jeová: Esta parte do discurso de Estêvão (At 7:30-33) faz referência ao relato de Êx 3:2-10. Em Êxodo, no versículo 4, “Jeová” chama Moisés por meio do seu anjo e, no versículo 6, “Jeová” diz a Moisés as palavras citadas em At 7:32. A expressão “a voz de Jeová” é usada muitas vezes nas Escrituras Hebraicas e é formada pela palavra hebraica para “voz” mais o Tetragrama. (Alguns exemplos são: Gén 3:8; Êx 15:26; De 5:25; 8:20; 15:5; 18:16; 26:14; 27:10; 28:1, 62; Jos 5:6; 1Sa 12:15; 1Rs 20:36; Sal 106:25; Is 30:31; Je 3:25; Da 9:10 e Za 6:15.) É interessante que, quando a expressão “voz de Jeová” é usada em De 26:14; 27:10; 28:1, 62 num fragmento de papiro muito antigo da Septuaginta, o nome de Deus aparece escrito em letras hebraicas quadradas no meio do texto grego. Esse fragmento, da coleção Papiro Fouad Inventário n.º 266, é datado do primeiro século AEC. Os motivos que levaram a Tradução do Novo Mundo a usar a expressão “a voz de Jeová” no texto principal aqui em At 7:31, apesar de os manuscritos gregos disponíveis usarem “a voz de Senhor”, são explicados nos Apêndices C1 e C3 (introdução e At 7:31).
Jeová disse-lhe: No relato que Estêvão estava a citar (Êx 3:2-10), fica claro que quem estava a falar com Moisés era Jeová, por meio de um anjo. Apesar de praticamente todas as informações deste versículo terem sido tiradas de Êx 3:5, a frase usada para introduzir as palavras de Jeová (traduzida aqui como “Jeová disse-lhe”) é muito parecida com a frase usada para esse mesmo objetivo em Êx 3:7, que no hebraico original diz literalmente: “E Jeová disse.” — Veja o Apêndice C3 (introdução e At 7:33).
libertador: Ou: “resgatador; redentor”. A palavra grega que aparece aqui, lytrotés, vem do verbo lytróomai, que significa “libertar; resgatar”. Também está relacionada com o substantivo lýtron, que significa “resgate”. (Veja a nota de estudo em Mt 20:28.) O verbo lytróomai é usado para falar da libertação que se tornou possível por meio de Jesus Cristo (Lu 24:21; Tit 2:14, nota de rodapé; 1Pe 1:18, nota de rodapé), o prometido profeta semelhante a Moisés (De 18:15; At 7:37). Assim como Moisés foi o libertador dos israelitas no Egito, Jesus Cristo, por meio do sacrifício de resgate, é o Libertador da humanidade.
milagres: Ou: “presságios”. — Veja a nota de estudo em At 2:19.
por 40 anos: Estes 40 anos vão de 1513 AEC, quando os israelitas saíram do Egito, a 1473 AEC, quando eles entraram na Terra Prometida. Antes e durante esses 40 anos, Moisés realizou sinais e milagres. Logo que voltou ao Egito, Moisés realizou sinais à frente dos anciãos de Israel. (Êx 4:30, 31) Ele também teve um papel muito importante no período que levou à libertação dos israelitas, por realizar sinais e milagres impressionantes à frente do Faraó e de todo o povo do Egito. Depois, Moisés foi usado por Jeová quando o Faraó e o seu exército foram destruídos no mar Vermelho. (Êx 14:21-31; 15:4; De 11:2-4) E, nos 40 anos no deserto, um dos sinais mais destacados ligados a Moisés foi o aparecimento do maná, que foi o alimento diário dos israelitas durante todo esse período. O maná só deixou de aparecer quando eles começaram a comer dos produtos da terra de Canaã, no início de 1473 AEC. — Êx 16:35; Jos 5:10-12.
aos filhos de Israel: Ou: “ao povo de Israel; aos israelitas”. — Veja o Glossário, “Israel”.
Deus: Esta é uma citação de De 18:15. No texto hebraico original de Deuteronómio, a expressão usada é “Jeová, teu Deus”, onde aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). Estêvão abreviou a citação e disse apenas “Deus”. Quando Pedro citou esse mesmo versículo em At 3:22, ele usou a expressão completa “Jeová, vosso Deus”. (Veja a nota de estudo em At 3:22.) Algumas traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico usam o nome de Deus aqui e dizem “Jeová, teu Deus” (J7, 8, 10-17) ou “Jeová Deus” (J28). (Veja o Apêndice C4.) Alguns manuscritos gregos usam palavras que poderiam ser traduzidas como “o Senhor Deus” ou, pelos motivos explicados no Apêndice C1, “Jeová Deus”. Mas a grande maioria dos manuscritos gregos e das traduções antigas da Bíblia para outras línguas dizem simplesmente “Deus”.
congregação no deserto: Aqui, os israelitas que foram tirados do Egito são chamados “congregação” (em grego, ekklesía). Nas Escrituras Hebraicas, a palavra hebraica qahál, geralmente traduzida como “congregação” na Tradução do Novo Mundo, vem de uma raiz que significa “convocar; congregar”. (Núm 20:8; De 4:10) É usada com frequência para se referir aos israelitas como grupo organizado, por exemplo nas expressões “congregação de Israel” (Le 16:17; Jos 8:35; 1Rs 8:14), “congregação do verdadeiro Deus” (Ne 13:1) e “congregação de Jeová” (Núm 20:4; De 23:2, 3; 1Cr 28:8; Miq 2:5). Na Septuaginta, a palavra hebraica qahál muitas vezes é traduzida para o grego como ekklesía (por exemplo, no Sal 22:22 [21:23, LXX]), que é a palavra usada para “congregação” nas Escrituras Gregas Cristãs. — Veja as notas de estudo em Mt 16:18; At 5:11.
exército do céu: Refere-se a corpos celestes.
a tenda do Testemunho: Ou: “o tabernáculo do Testemunho”. Ao usar estas palavras, Lucas talvez tenha sido influenciado pela Septuaginta, que traduz a expressão hebraica para “tenda de reunião” como “tenda do Testemunho”. (Êx 27:21; 28:43; Núm 1:1) Durante toda a jornada de Israel pelo deserto, era dentro dessa tenda que ficava a Arca do Pacto. E, dentro da Arca, o que havia de mais importante eram as “duas tábuas do Testemunho”. Neste tipo de contexto, a palavra “Testemunho” normalmente refere-se aos Dez Mandamentos dados a Moisés, escritos em duas tábuas de pedra. (Êx 25:16, 21, 22; 31:18; 32:15) A palavra hebraica para “testemunho” também pode ser traduzida como “lembrete”. A Arca servia como uma espécie de arquivo sagrado para guardar em segurança o Testemunho, os lembretes sagrados dados por Deus. — Veja o Glossário, “Arca do Pacto” e “Santíssimo”.
modelo: Ou: “projeto; tipo”. A palavra grega que aparece aqui é týpos. Foi usada com esse mesmo significado em He 8:5 e em Êx 25:40 (na Septuaginta).
Josué: Aqui, Estêvão estava a referir-se ao Josué que foi líder do povo de Israel e que levou os israelitas até à Terra Prometida. (De 3:28; 31:7; Jos 1:1, 2) O nome Josué é uma forma abreviada do nome hebraico Yehohshúa‛, que significa “Jeová é salvação”. Neste versículo, Lucas usa o nome grego equivalente, Iesoús, que em latim é Iesus (Jesus). (Veja o Apêndice A4.) Nos tempos bíblicos, esse era um nome comum entre os judeus. As Escrituras Gregas Cristãs usam o nome grego Iesoús para se referir a quatro pessoas: Josué (filho de Num), o sucessor de Moisés (At 7:45; He 4:8); um antepassado de Jesus Cristo (Lu 3:29); o próprio Jesus Cristo (Mt 1:21) e um cristão, pelos vistos judeu, que foi um dos colaboradores de Paulo (Col 4:11). O historiador Josefo menciona várias outras pessoas com esse nome, além das que são citadas na Bíblia.
casas feitas por mãos humanas: Ou: “lugares feitos por mãos humanas; coisas feitas por mãos humanas”. A palavra grega usada aqui, kheiropoíetos, também aparece em At 17:24 (“feitos por mãos humanas”) e em He 9:11, 24 (“feita[o] por mãos humanas”).
Jeová: Esta é uma citação de Is 66:1. No texto hebraico original de Isaías, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). A expressão “diz Jeová” aparece tanto em Is 66:1 como em Is 66:2. Aqui, neste versículo, a expressão diz Jeová substitui essas duas ocorrências. — Veja o Apêndice C1.
obstinados: Lit.: “de dura cerviz”. Esta é a única vez que a palavra grega usada aqui aparece nas Escrituras Gregas Cristãs, mas essa palavra foi usada algumas vezes na Septuaginta para traduzir uma palavra hebraica com um sentido parecido. — Veja as notas de rodapé em Êx 33:3, 5; 34:9; De 9:6; Pr 29:1.
incircuncisos no coração e nos ouvidos: Esta expressão vem das Escrituras Hebraicas. É usada em sentido figurado para indicar que alguém é teimoso e não reage ao que lhe é dito. (Le 26:41, nota de rodapé; Je 9:25, 26; Ez 44:7, 9) Por exemplo, em Je 6:10, a expressão literal “o seu ouvido é incircunciso” (nota de rodapé) foi traduzida como “eles estão com os ouvidos tapados”. Portanto, corações e ouvidos que não reagem às orientações de Deus são descritos como incircuncisos.
conforme transmitida por anjos: O discurso de Estêvão diante do Sinédrio inclui vários factos da história judaica que não são mencionados nas Escrituras Hebraicas. Um exemplo disso é esta informação de que anjos foram usados para transmitir a Lei mosaica. — Gál 3:19; He 2:1, 2; para outros detalhes mencionados por Estêvão que não estão nas Escrituras Hebraicas, veja as notas de estudo em At 7:22, 23, 30.
ficaram furiosos: Ou: “sentiram-se feridos”. Esta expressão grega aparece apenas aqui e em At 5:33. Significa literalmente “ser cortado de um lado ao outro com uma serra” e foi usada em sentido figurado nas duas ocorrências para indicar uma forte reação emocional.
ranger os dentes: Ou: “apertar os dentes”. Esta expressão pode indicar sentimentos de angústia, raiva e desespero, possivelmente acompanhados por palavras ofensivas e violência. Neste contexto, a expressão refere-se claramente a um nível extremo de raiva. — Jó 16:9; veja a nota de estudo em Mt 8:12.
Jesus de pé à direita de Deus: Estêvão foi o primeiro a dar testemunho de que viu Jesus no céu e disse que ele estava à direita de Deus, como tinha sido profetizado no Sal 110:1. O lado direito tinha forte significado simbólico. Estar à direita de um governante significava ser a pessoa mais importante depois do próprio governante (Ro 8:34; 1Pe 3:22) ou ser alguém que tinha o favor do governante. — Veja as notas de estudo em Mt 25:33; Mr 10:37; Lu 22:69.
Saulo: Este nome significa “pedido [a Deus]; indagado [a Deus]”. Saulo, também conhecido pelo seu nome romano Paulo, era “da tribo de Benjamim, hebreu nascido de hebreus”. (Fil 3:5) No entanto, apesar de ser judeu, tinha cidadania romana desde que nasceu. (At 22:28) Por isso, é provável que ele tivesse esses dois nomes desde criança. Parece lógico que os próprios pais de Saulo lhe tenham dado tanto o nome hebraico, Saulo, como o nome romano Paulo (Paulus), que significa “pequeno”. Eles podem ter escolhido o nome Saulo (ou Saul) por vários motivos. Um deles é que esse era um nome tradicional entre as pessoas da tribo de Benjamim porque o primeiro rei de Israel, que era dessa tribo, se chamava Saul. (1Sa 9:2; 10:1; At 13:21) Ou podem ter pensado no significado do nome Saulo. Outra possibilidade é que ele tenha recebido o nome do seu pai, algo que era comum naquela época. (Compare com Lu 1:59.) Seja qual for o motivo, ele deve ter usado o nome Saulo quando estava entre os judeus, especialmente no período em que estudou para ser fariseu e depois de se ter tornado um deles. (At 22:3) Mesmo depois de se ter tornado cristão, parece que ele continuou a ser conhecido principalmente pelo nome Saulo por mais de dez anos. — At 11:25, 30; 12:25; 13:1, 2, 9.
este fez o apelo: “Senhor Jesus”: Nos versículos 55 e 56, Estêvão disse que estava a ver “o céu aberto, e o Filho do homem de pé à direita de Deus”. As palavras dele fazem uma clara diferença entre Jesus e Jeová. Estêvão sabia que Jeová tinha dado a Jesus o poder de ressuscitar os mortos e estava a ver Jesus na visão. Por isso, seria natural que ele falasse diretamente com Jesus, deixando aos cuidados dele o seu espírito, ou seja, a sua força de vida. (Jo 5:27-29) Estêvão dirigiu-se a Jesus com a expressão “Senhor Jesus [em grego, Kýrie Iesoú]”. Nas Escrituras Gregas Cristãs, Kýrios pode referir-se tanto a Jeová Deus como a Jesus Cristo, mas fica claro que, neste versículo, a palavra se refere a Jesus. A palavra grega traduzida aqui como “este fez o apelo” (epikaléo) não é a palavra que as Escrituras Gregas Cristãs normalmente usam para se referir a “orar”. Mas várias Bíblias usam traduções como “este orava”, dando a impressão de que Estêvão orou diretamente a Jesus. No entanto, obras de referência de confiança explicam que epikaléo significa “chamar; invocar; apelar para uma autoridade”, e, muitas vezes, essa palavra é traduzida dessa forma. (At 2:21; 9:14; Ro 10:13; 2Ti 2:22) Essa mesma palavra foi usada em At 25:11 para registar a frase de Paulo: “Apelo para César!” Portanto, não existe nenhum motivo para se pensar que Estêvão estava a orar a Jesus. Ele estava a ver Jesus na visão e, por isso, sentiu-se à vontade para lhe fazer o seu pedido. — Veja a nota de estudo em At 7:60.
Jeová: Os manuscritos gregos disponíveis usam aqui a palavra Kýrios (Senhor). Nas Escrituras Gregas Cristãs, esse título, muitas vezes, refere-se a Jeová Deus ou a Jesus Cristo, dependendo do contexto. Há vários motivos para acreditar que Estêvão estava a referir-se a Jeová Deus neste versículo. Por exemplo, as palavras dele lembram as palavras de Jesus em Lu 23:34: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” No relato do discurso de Estêvão, registado em At 7:2-53, a palavra Kýrios aparece três vezes, sempre em citações diretas ou indiretas das Escrituras Hebraicas onde o texto original claramente se refere a Deus. (Veja as notas de estudo em At 7:31, 33, 49.) Muitos comentaristas bíblicos e tradutores concordam que, nesses versículos de Atos, Kýrios se refere a Jeová. (Veja o Apêndice C1.) É verdade que em At 7:59 Kýrios se refere a Jesus, já que Estêvão disse especificamente “Senhor Jesus”. Mas isso não quer dizer que aqui, em At 7:60, Kýrios também se refira a Jesus, como alguns afirmam. Entre o versículo 59 e o versículo 60, há uma interrupção nas palavras de Estêvão. Ele estava de pé e, a seguir, ajoelhou-se à frente dos seus inimigos. É provável que Estêvão tenha feito isso para orar a Jeová. (Compare com Lu 22:41; At 9:40; 20:36; 21:5, onde ajoelhar-se está relacionado com oração.) Por esses motivos, tudo indica que as últimas palavras de Estêvão eram uma oração ao Deus Todo-Poderoso, Jeová. Além disso, At 7:56 diz que Estêvão viu “o céu aberto, e o Filho do homem de pé à direita de Deus”. Assim, faz sentido que ele se tenha dirigido primeiro a Jesus (versículo 59) e depois a Jeová (versículo 60). Algumas traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico (chamadas J17, 18, 22, 23 no Apêndice C4) usam a expressão “Senhor Jesus” no versículo 59 e o Tetragrama aqui no versículo 60. — Veja o Apêndice C3 (introdução e At 7:60).
adormeceu na morte: As Escrituras usam os verbos “dormir” e “adormecer” para se referir tanto ao sono físico (Mt 28:13; Lu 22:45; Jo 11:12; At 12:6) como ao sono da morte (Jo 11:11; At 7:60; 13:36; 1Co 7:39; 15:6, 51; 2Pe 3:4). Onde o contexto mostra que esses verbos se referem à morte, alguns tradutores da Bíblia usam expressões como “morrer” ou “adormecer na morte” para não confundir o leitor. Quando as Escrituras comparam a morte com o sono, referem-se à morte que resulta do pecado herdado de Adão. — Veja as notas de estudo em Mr 5:39; Jo 11:11.