Atos dos Apóstolos 12:1-25
Notas de rodapé
Notas de estudo
Herodes: Ou seja, Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande. (Veja o Glossário.) Agripa nasceu em 10 AEC e foi educado em Roma. Ele fez amizade com vários membros da família imperial. Um desses amigos foi Caio, mais conhecido como Calígula, que se tornou imperador em 37 EC. Pouco depois, Calígula proclamou Agripa rei sobre as regiões da Itureia, de Traconites e de Abilene. Mais tarde, Calígula expandiu o domínio de Agripa, que passou a incluir a Galileia e a Pereia. Agripa estava em Roma quando Calígula foi assassinado, em 41 EC. A morte de Calígula gerou uma crise política e, de acordo com os relatos, Agripa desempenhou um papel muito importante em resolvê-la. Ele participou em negociações tensas entre o Senado romano e Cláudio, outro dos seus amigos poderosos. Em resultado disso, Cláudio foi proclamado imperador e foi evitada uma guerra civil. Para recompensar Agripa pelo seu papel nessas negociações, Cláudio também o designou rei sobre a Judeia e Samaria, que estavam a ser administradas por procuradores romanos desde 6 EC. Foi assim que Agripa passou a governar praticamente os mesmos territórios que Herodes, o Grande, tinha governado. A capital do reino de Agripa era Jerusalém, onde ele ganhou o favor dos líderes religiosos. Relata-se que ele observava rigorosamente as leis e as tradições judaicas, oferecendo sacrifícios no templo todos os dias e lendo a Lei em público, entre outras coisas. Alguns consideravam-no um fiel protetor da fé judaica. Mas Agripa mostrou que não era um verdadeiro adorador de Deus, visto que organizou combates de gladiadores e espetáculos pagãos no teatro. Ele foi descrito como uma pessoa traiçoeira, superficial e extravagante. O reinado dele acabou repentinamente, quando ele foi morto pelo anjo de Jeová, conforme registado em At 12:23. Os estudiosos dizem que o rei Herodes Agripa I morreu em 44 EC, aos 54 anos, depois de ter reinado durante três anos sobre a Judeia.
mandou matar Tiago, irmão de João: Tudo indica que Tiago foi executado por volta de 44 EC. Por isso, ele foi o primeiro dos 12 apóstolos a morrer como mártir. Herodes talvez tenha escolhido Tiago como alvo porque Tiago tinha sido muito próximo de Jesus ou porque era muito zeloso. É provável que o zelo intenso de Tiago e do seu irmão, João, tenha sido o motivo de Jesus lhes ter dado o nome Boanerges, que significa “filhos do trovão”. (Mr 3:17) O assassinato de Tiago foi um ato cobarde, motivado por interesses políticos. Esse assassinato não impediu que as boas novas se espalhassem, mas a congregação perdeu um apóstolo e pastor querido que encorajava muito os irmãos. O facto de o versículo dizer que Herodes mandou matar Tiago com a espada pode indicar que Tiago foi decapitado.
nos dias dos Pães sem Fermento: A Festividade dos Pães sem Fermento começava no dia 15 de nisã, um dia depois da Páscoa (14 de nisã), e durava sete dias. (Veja o Glossário, “Festividade dos Pães sem Fermento” e o Apêndice B15.) Tanto os Evangelhos como o livro de Atos fazem várias referências a festividades dos judeus, mostrando que os judeus ainda seguiam o calendário judaico nos dias de Jesus e dos apóstolos. Essas referências às festividades ajudam-nos a saber, aproximadamente, quando ocorreram certos acontecimentos bíblicos. — Mt 26:2; Mr 14:1; Lu 22:1; Jo 2:13, 23; 5:1; 6:4; 7:2, 37; 10:22; 11:55; At 2:1; 12:3, 4; 20:6, 16; 27:9.
o anjo de Jeová: Esta expressão aparece pela primeira vez em Gén 16:7 e é usada muitas vezes nas Escrituras Hebraicas. É formada pela palavra hebraica para “anjo” mais o Tetragrama. Num fragmento de uma cópia muito antiga da Septuaginta, essa expressão aparece em Za 3:5, 6 e foi traduzida pela palavra grega ággelos (anjo; mensageiro) seguida pelo nome de Deus em letras hebraicas. Esse fragmento foi encontrado numa caverna em Nahal Hever, no deserto da Judeia, em Israel, e é datado de entre 50 AEC e 50 EC. Os motivos que levaram a Tradução do Novo Mundo a usar a expressão “o anjo de Jeová” no texto principal de At 5:19, apesar de os manuscritos gregos disponíveis usarem “o anjo de Senhor”, são explicados nos Apêndices C1 e C3 (introdução e At 5:19).
o anjo de Jeová: Veja a nota de estudo em At 5:19 e o Apêndice C3 (introdução e At 12:7).
Veste-te: Ou: “Cinge-te”. Aqui, esta expressão, pelos vistos, refere-se a prender a túnica com um cinto ou uma faixa de pano. — Veja a nota de estudo em Lu 12:35.
Estejam vestidos e preparados: Lit.: “Tenham os vossos lombos cingidos”. Esta expressão idiomática, muitas vezes, refere-se ao costume dos tempos bíblicos de passar as pontas de uma roupa comprida por entre as pernas e prendê-las debaixo do cinto, tornando mais fácil realizar trabalhos pesados, correr, etc. Com o tempo, a expressão passou a ser usada de forma mais abrangente para transmitir a ideia de estar preparado. As Escrituras Hebraicas têm várias ocorrências de expressões parecidas com esta. (Por exemplo, veja 2Rs 4:29 e as notas de rodapé em Êx 12:11; 1Rs 18:46; 2Rs 3:21; Pr 31:17; Je 1:17.) O tempo verbal usado aqui indica um estado contínuo. Portanto, a expressão mostra que os servos de Deus deveriam estar sempre prontos para realizar atividades espirituais. Em Lu 12:37, o mesmo verbo grego é traduzido como “irá vestir-se para servir”. Em 1Pe 1:13, a expressão “preparem a mente para atividade” significa literalmente “cinjam os lombos da vossa mente”.
Jeová enviou o seu anjo: As palavras “enviou o seu anjo” lembram-nos de situações semelhantes mencionadas nas Escrituras Hebraicas em que Jeová salvou os seus servos. Por exemplo, Deus “enviou o seu anjo” para salvar os companheiros de Daniel (Da 3:28) e, mais tarde, fez o mesmo pelo próprio Daniel (Da 6:22). — Compare com o Sal 34:7; veja o Apêndice C3 (introdução e At 12:11).
Marcos: Do latim Marcus. Marcos era o sobrenome romano do “João” mencionado em At 12:12. A sua mãe chamava-se Maria. Ela já era discípula há algum tempo e morava em Jerusalém. João Marcos era “primo de Barnabé” (Col 4:10), com quem ele viajou. Marcos também viajou com Paulo e outros dos primeiros missionários cristãos. (At 12:25; 13:5, 13; 2Ti 4:11) O escritor deste Evangelho não se identifica, mas escritos dos séculos 2 e 3 EC afirmam que Marcos foi o escritor.
à casa de Maria: Parece que a casa de Maria, mãe de João Marcos, era o local de reuniões da congregação em Jerusalém. A casa tinha espaço suficiente para acomodar “muitos” discípulos e, de acordo com At 12:13, Maria tinha uma serva. Por isso, é possível que Maria tivesse uma boa condição financeira. Talvez ela fosse viúva, visto que o relato não menciona o marido dela e se refere à sua casa como “casa de Maria”.
João, conhecido como Marcos: Este discípulo de Jesus era “primo de Barnabé” (Col 4:10) e escreveu o Evangelho de Marcos. (Veja a nota de estudo em Mr Título.) O nome João, em português, equivale aos nomes hebraicos Jeoanã ou Joanã, que significam “Jeová mostrou favor” ou “Jeová foi bondoso”. Em At 13:5, 13, este discípulo é simplesmente chamado João. No entanto, aqui e em At 12:25 e 15:37, também aparece o seu sobrenome romano, Marcos. Em todos os outros lugares das Escrituras Gregas Cristãs, ele é apenas chamado Marcos. — Col 4:10; 2Ti 4:11; Flm 24; 1Pe 5:13.
É o anjo dele: Tanto a palavra hebraica como a palavra grega para “anjo” significam “mensageiro”. (Veja a nota de estudo em Jo 1:51.) Os discípulos podem ter pensado que um mensageiro angélico que representava Pedro estava no portão quando disseram que “o anjo dele [de Pedro]” estava ali. Parece que alguns judeus acreditavam que cada servo de Deus tinha um anjo, uma espécie de anjo da guarda, apesar de isso não ser ensinado de forma direta na Palavra de Deus. Os discípulos de Jesus sabiam que, ao longo da história, os anjos tinham dado ajuda individual a alguns servos de Deus. Por exemplo, Jacó falou sobre ‘o anjo que o tinha livrado de todas as calamidades’. (Gén 48:16) Além disso, Jesus mostrou que os anjos têm muito interesse em cada um dos seus discípulos quando disse: “Os seus anjos no céu estão sempre a ver a face do meu Pai.” (Veja a nota de estudo em Mt 18:10.) Os cristãos que estavam reunidos na casa de Maria sabiam o que as Escrituras Hebraicas ensinam sobre a condição dos mortos. (Ec 9:5, 10) Por isso, eles não iriam pensar que Pedro tinha morrido e agora estava no portão em forma de anjo ou espírito.
os seus anjos: Tanto as Escrituras Hebraicas como as Escrituras Gregas Cristãs mostram que os servos de Jeová podem contar sempre com a proteção de um exército invisível de anjos. (2Rs 6:15-17; Sal 34:7; 91:11; At 5:19; He 1:14) Em hebraico e em grego, o sentido básico da palavra para anjo é “mensageiro”. (Veja a nota de estudo em Jo 1:51.) Neste versículo, as palavras de Jesus sobre os pequenos (os seus discípulos) e os “seus anjos” não significam necessariamente que cada cristão fiel tenha um anjo da guarda, designado especialmente para o proteger. Contudo, os anjos tomam conta do bem-estar espiritual dos cristãos verdadeiros como grupo e têm muito interesse em cada um deles. — Veja a nota de estudo em At 12:15.
anjos: Ou: “mensageiros”. A palavra grega ággelos e a palavra hebraica correspondente malʼákh aparecem na Bíblia um total de quase 400 vezes. Têm o sentido básico de “mensageiro”. Quando se referem a mensageiros espirituais, são traduzidas como “anjos”, e quando que se referem a humanos, são traduzidas como “mensageiros”. (Gén 16:7; 32:3; Mt 1:20; Tg 2:25; Ap 22:8) Nos poucos casos em que o contexto não deixa claro a quem se referem, notas de rodapé muitas vezes mostram a tradução alternativa. (Veja as notas de rodapé em Jó 4:18; 33:23; Ec 5:6; Is 63:9 e o Glossário.) No livro de Apocalipse, que faz uso de muitos simbolismos, algumas vezes a palavra “anjo” pode referir-se a humanos. — Ap 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 7, 14.
Jeová: A maioria dos manuscritos gregos usa aqui a expressão “o Senhor” (ho Kýrios). Mas, como explicado no Apêndice C1, há bons motivos para acreditar que o nome de Deus aparecia no texto original deste versículo e que, mais tarde, foi substituído pelo título “Senhor”. Por isso, o nome “Jeová” é usado aqui no texto principal. — Veja o Apêndice C3 (introdução e At 12:17).
Tiago: Tudo indica que este Tiago seja o meio-irmão de Jesus. Quando os quatro meios-irmãos de Jesus (Tiago, José, Simão e Judas) são citados, Tiago é sempre mencionado primeiro. Isso talvez indique que ele era o mais velho. (Mt 13:55; Mr 6:3; Jo 7:5) Ele estava presente no Pentecostes de 33 EC, quando milhares de judeus que moravam fora de Israel e tinham ido a Jerusalém aceitaram as boas novas e foram batizados. (At 1:14; 2:1, 41) As palavras de Pedro “contem estas coisas a Tiago” indicam que Tiago estava a exercer liderança na congregação em Jerusalém. Também parece que ele é o Tiago mencionado em At 15:13; 21:18; 1Co 15:7; Gál 1:19 (onde é chamado “Tiago, o irmão do Senhor”); 2:9, 12, e que foi ele quem escreveu o livro bíblico de Tiago. — Tg 1:1; Ju 1.
o administrador da casa do rei: Lit.: “aquele que estava sobre o dormitório do rei”. Pelos vistos, este era um cargo muito respeitado, que incluía diversas responsabilidades relacionadas com a casa e os assuntos pessoais do rei.
anjo de Jeová: Veja a nota de estudo em At 5:19 e o Apêndice C3 (introdução e At 12:23).
o anjo de Jeová: Esta expressão aparece pela primeira vez em Gén 16:7 e é usada muitas vezes nas Escrituras Hebraicas. É formada pela palavra hebraica para “anjo” mais o Tetragrama. Num fragmento de uma cópia muito antiga da Septuaginta, essa expressão aparece em Za 3:5, 6 e foi traduzida pela palavra grega ággelos (anjo; mensageiro) seguida pelo nome de Deus em letras hebraicas. Esse fragmento foi encontrado numa caverna em Nahal Hever, no deserto da Judeia, em Israel, e é datado de entre 50 AEC e 50 EC. Os motivos que levaram a Tradução do Novo Mundo a usar a expressão “o anjo de Jeová” no texto principal de At 5:19, apesar de os manuscritos gregos disponíveis usarem “o anjo de Senhor”, são explicados nos Apêndices C1 e C3 (introdução e At 5:19).
palavra de Jeová: Esta expressão vem das Escrituras Hebraicas, onde aparece em cerca de 200 versículos e é formada pelo termo hebraico para “palavra” e o nome de Deus. (Algumas dessas ocorrências estão em 2Sa 12:9; 2Rs 7:1; 20:16; 24:2; Is 1:10; 2:3; 28:14; 38:4; Je 1:4; 2:4; Ez 1:3; 6:1; Os 1:1; Miq 1:1 e Za 9:1.) Numa cópia muito antiga da Septuaginta, feita em pergaminho, essa expressão aparece em Za 9:1 e foi traduzida pela palavra grega lógos seguida pelo nome de Deus em letras hebraicas antigas (). O rolo que contém essa passagem foi encontrado em Nahal Hever, no deserto da Judeia, em Israel, e é datado de entre 50 AEC e 50 EC. Os motivos que levaram a Tradução do Novo Mundo a usar a expressão “palavra de Jeová” aqui no texto principal, apesar de muitos manuscritos gregos usarem “palavra do Senhor”, são explicados no Apêndice C3 (introdução e At 8:25).
a palavra de Jeová: Veja a nota de estudo em At 8:25 e o Apêndice C3 (introdução e At 12:24).
enviar ajuda: Ou: “ministrar”. Esta é a primeira vez que as Escrituras falam de cristãos enviarem ajuda humanitária a irmãos noutra parte do mundo. A palavra grega traduzida aqui como “ajuda”, diakonía, muitas vezes é traduzida como “ministério”, mas também pode passar a ideia de “trabalho de prestar ajuda” (At 12:25) ou “serviço de ajuda” (2Co 8:4). A maneira como a palavra diakonía é usada nas Escrituras Gregas Cristãs mostra que os cristãos têm dois tipos diferentes de ministério. Um deles é “o ministério [uma forma de diakonía] da reconciliação”, ou seja, a obra de pregação e ensino. (2Co 5:18-20; 1Ti 2:3-6) O outro, que é mencionado aqui, envolve ajudar outros cristãos. O apóstolo Paulo disse: “Há diferentes maneiras de servir [ou: “ministérios”, nota de rodapé; plural de diakonía], contudo, há o mesmo Senhor.” (1Co 12:4-6, 11) Ele mostrou que os dois tipos de ministério cristão, apesar de serem diferentes, são “serviço sagrado”. — Ro 12:1, 6-8.
o seu trabalho de prestar ajuda: Ou: “o seu ministério de ajuda”. — Veja a nota de estudo em At 11:29.
Multimédia

A moeda que aparece aqui foi produzida por volta de 43-44 EC por Herodes Agripa I, que é chamado em At 12:1 “rei Herodes”. Num dos lados da moeda, aparece o rosto do imperador Cláudio. No outro lado, aparecem as imagens de Cláudio e Agripa I. A inscrição na moeda inclui o nome de Agripa. Herodes Agripa I foi nomeado rei em 37 EC pelo imperador Calígula (que não é mencionado nas Escrituras). Calígula governou de 37 a 41 EC e foi sucedido pelo seu tio Cláudio, que, mais tarde, aumentou o território governado por Agripa. Herodes Agripa I perseguiu de maneira violenta os cristãos. Ele executou o apóstolo Tiago e prendeu Pedro. (At 12:1-4) Ele continuou no poder até ser ferido pelo anjo de Jeová e morrer. — At 12:21-23.